tem olhos de águia
mas cegos
nada veem senão aquilo que reflete
teu pensamento grotesco
sobre a humanidade
destruídos os limites da saciedade
engolindo a literatura literalmente
cansado dos verbos
conjugados
sempre tão iguais
médico dos sinais
exclamativos
condicionais
juiz das paredes julgadoras
dos segredos ocultos
gritados em sussurro
vitima de si
paciente da ignorância
que nada lê
que nada vê
que nada
nada
nada tudo
nada por que
amigo confidente da loucura
cientista sonhador
a envenenar-se com a descoberta
coberta de cobertor
dos sonhos de menino
de lutador
derrotador de monstros
vitorioso ou assassino
plagiador das cartas dos cassinos
chumbo nas pedras, moedas
vitorioso ou enganador
sorte de principiante
gênio sem sentido
feliz demais para ser normal
enganador revestido
de uma selvageria de um animal
Andréia Monteiro
2012