quarta-feira, 3 de agosto de 2016

No amor...


no amor, cabe a insubordinação
dos venenos soltos pelos ares
do banho proibido
até do beijo perdido
do exagero, como regra
sem remédio ou veneno

cabe o sussurro no ouvido
a pimenta aquecida
na noite fria, quente
no medo da tempestade

no amor, cabe a dor
a separação interminável
o adeus não desejado
o raio da existência inexplicável

no amor, cabe o mundo
seu tramas, dilemas
os suores esquecidos
os soares que enaltecem
cabe a infidelidade
a sacanagem
o furor

no amor, cabe lealdade
o pedido, o por favor
cabe a liberdade do corpo que é só seu

no amor, cabe a sensação do dia cansado
ou o dia, terno, docemente envergonhado
a timidez da fala guardada
a fugaz frente da voz sem entrada
os dias sem rotação que aquece o orgasmo sem fim

no amor, cabe os corpos distantes, magoados
os reencontros sem tempo, nem hora
os sorrisos dos vinhos baratos
ou o Porto com queijos curados

cabe a bandeira surrada
a comida salgada
a conversa intelectualizada
e o silêncio da praia esquecida
ou da casa abandonada

Cláudio de Souza Mendonça
09 de fevereiro de 2016



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