quarta-feira, 11 de agosto de 2010
O policial e o pequeno trabalhador morto
seria cruel relembrar. mas não se pode esquecer.
estejamos acordados. não durmamos mais.
sei que a revolta toma conta dos peitos. não poderia ver sofrimento ali.
a dor da partida súbita e grosseira
quando tão pouca vida ainda existente
conduziu ao funeral uma vida ainda aflorar.
noutra, com o peso da obrigação militar
cumpre o destino ensinado nas academias
“matar, matar e matar”
pobres homens. um pai ao grito deitado sobre eterno sono do seu filho.
outro homem fardado, ao desespero do ato desgraçado.
um corpo tão jovem ainda, abatido por um perverso tiro
outro, em pé, arrependido, por seu sangue frio.
teria culpa apenas aquele policial assassino?
seria cruel relembrar. mas não se pode deixar partir
para que se atente para o escondido.
antes das fardas, meros homens.
ao se vestirem e partirem para patrulhar
homens de ferro, aço e cimento.
que ao primeiro passo não obedecido
as armas são logo apontadas.
cumprem fielmente apenas o destino ensinado nas academias
“matar, matar e matar”
Cláudio de Souza Mendonça
28.07.2010
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